Por: Andrezza Goulart, Charles de Oliveira, Danielle Vasconcelos, Felipe Caputo e Leonardo Coutinho – Dê crédito aos autores!
OBJETIVO DO TRABALHO
Objetiva-se com este trabalho propor ações mercadológicas para o turismo em Lavras Novas/MG por meio do diagnóstico e análise da atual situação do turismo no local.
METODOLOGIA
A metodologia deste estudo consiste, a princípio, na pesquisa de gabinete para a coleta de informações sobre a atratividade (natural e cultural), disponibilidade de equipamentos e serviços turísticos, bem como as ações políticas e econômicas direcionadas ao desenvolvimento turístico de Lavras Novas.
Concomitantemente, foi feito um levantamento dos atuais direcionamentos mercadológicos do turismo no local, visando perceber como se dá o marketing como um todo do distrito.
O segundo passo da metodologia incide na pesquisa in loco com o intuito de averiguar as informações adquiridas na pesquisa de gabinete. Além disso, a visita a campo permite um olhar múltiplo e mais claro sobre a realidade do distrito. Para o aumento da percepção dos pesquisadores, entrevistas semi-estruturadas foram aplicadas junto aos atores da atividade turística: órgão público, empresários do trade turístico, comunidade e turistas, tendo cada uma sua abordagem específica.
Trabalhando com os dados da pesquisa de gabinete e in loco, foi feito um diagnóstico e posteriormente uma análise SWOT, a fim de facilitar a percepção dos pontos a serem melhorados e os a serem reforçados. A partir disso, foi possível propor uma visão estratégica, com objetivos e meios para alcançar a conjuntura pretendida para Lavras Novas.
1 – CARACTERIZAÇÃO DO MUNICÍPIO
1.1 – HISTÓRICO
Lavras Novas do Coronel Furtado, fora descoberta pela família Cubas de Mendonça, sendo de 1717 o documento mais antigo encontrado (batistério de Maria dos Prazeres, filha de tradicional família paulista da época) e evidências que provam que existiram minas auríferas antes das existentes em Mariana e Ouro Preto.
Com a descoberta do ouro, formou-se um aglomerado próximo às minas de exploração, sendo esta a principal atividade do local até a queda de sua produção mineral.
Quando o ouro da região escasseou, ao final do século XVIII, o povoado entrou em decadência e, devido ao seu difícil acesso, ficou praticamente isolado do resto do município de Ouro Preto. Isto acabou por gerar um número expressivo de casamentos consangüíneos, o que contribuiu para manter sua população majoritariamente negra, descendente do grande número de escravos utilizados nas lavras de ouro.
O distrito de Lavras Novas é um dos mais antigos da região de Ouro Preto. Possui uma paisagem urbana e rural bastante singular, local de rios e cachoeiras, lagos, de onde se avistam a Serra do Caraça, Serra da Bocaina, Serra do Itabirito, Serra da Chapada, Serra de Ouro Branco, Serra do Cápua e o Parque do Itacolomi. A cidade permaneceu preservada devido à estagnação a que foi submetida após o declínio da atividade aurífera.
A produção de artesanato em bambu – cestas, balaios, enfeites, cadeiras etc, – vendida em Ouro Preto, sustentou por muitos anos parte da economia local, e hoje se apresenta menos expressiva, realizada ainda por algumas famílias, em razão de incêndios ocorridos nos bambuzais fazendo com que fosse necessário buscá-los em locais mais distantes. No entanto, muitos dizem que a queda desta tradição se deve também à ocupação da população em outras atividades mais rentáveis, como o turismo.
Hoje, boa parte da população, especialmente a masculina, trabalha fora do povoado, principalmente em Ouro Preto, saindo pela manhã e retornando à noite. No entanto, como já dito, o turismo vem se tornando, a partir dos anos 90, uma atividade em franca expansão, que passa a envolver, em atividades de suporte e recepção, um número cada vez maior de moradores (FORTES, 1996:41-46). Atualmente, é possível perceber que considerável parte da população de Lavras Novas se ocupa como empregados ou empresários do trade turístico do distrito.
1.2 – ACESSOS
Para chegar a Lavras Novas, deve-se utilizar os mesmos acessos de Ouro Preto, sede à qual pertence o distrito.
Lavras Novas está a 118 km de Belo Horizonte e a estrada que leva até seus arredores está em melhores condições em razão de investimentos, por parte do município, para sua pavimentação. O acesso final a Lavras Novas, ainda continua difícil por meio de automóvel, com muita poeira, pedras e curvas sinuosas em pistas estreitas. As condições da estrada de acesso ao município têm sido discutidas a fim de se propor ações para sua melhoria, como sua a pavimentação. No entanto, o trecho é regulamentado por uma lei de uso e de ocupação, que impediria sua reforma, a fim de que se evite sua “descaracterização”. A sinalização é bastante precária, sendo que a maioria das placas indicando Lavras Novas se encontra em péssimo estado de conservação ou em locais de difícil visibilidade.
De Belo Horizonte o caminho mais prático é pela BR040, sentido Rio de Janeiro. Depois de rodar aproximadamente 20 quilômetros, entrar no trevo sentido Ouro Preto (BR356 – rodovia dos Inconfidentes). Entra-se ainda, mais adiante, conforme a sinalização da estrada, em um trevo que leva à cidade de Mariana. De carro, passa-se ainda por uma estrada de terra até chegar à cidade.
Há duas opções para quem sai de São Paulo capital. A primeira é pela BR381 até o trevo para Lavras. A partir daí pegar a BR265 até Barbacena. Desta cidade acessar a BR040 sentido Belo Horizonte até Conselheiro Lafaiete. Entrar em Lafaiete e seguir pela Estrada Real (asfaltada), passando por Ouro Branco e seguindo sentido a Ouro Preto, o distrito localiza-se alguns quilômetros antes da sede. A outra opção é seguir de São Paulo direto para Belo Horizonte (BR381 – rodovia Fernão Dias) e a partir daí seguir o trecho indicado para saída da capital mineira. Embora no mapa este trecho pareça mais longo, a distância é quase a mesma em relação à primeira alternativa. Isso acontece porque a BR265 é bastante sinuosa.
Do Rio de Janeiro (capital) o trajeto é quase todo pela BR040 e passa por Petrópolis, Juiz de Fora, Barbacena, até chegar a Conselheiro Lafaiete. Desta cidade pegar a Estrada Real (asfaltada), passando pela estrada que liga Ouro Branco a Ouro Preto.
Quem vem do Espírito Santo segue pela BR262 até Rio Casca. De lá o percurso é pela MG329 até Ponte Nova. A partir daí seguir pela MG262, passando por Mariana.
Os turistas do sudeste de Minas (norte da Zona da Mata mineira) e norte do Rio de Janeiro devem seguir até Viçosa (MG). De lá pegar a BR120 para Ponte Nova. Desta cidade a viagem continua pela MG262.
De ônibus:
É possível chegar a Lavras Novas através de um ônibus com linha até Ouro Preto. Desta, deve-se tomar outro ônibus até Lavras Novas.
Tendo em vista as formas de acesso ao distrito, nota-se a predominância do transporte rodoviário, sendo a única opção para se chagar ao local, que não possui áreas de pouso, nem é servido do transporte ferroviário. Para aqueles que vêm de estados mais distantes, fora da região sudeste, e consideram o transporte rodoviário inviável devido à distância, a opção seria o transporte aéreo até Belo Horizonte e, inevitavelmente, o rodoviário até o distrito.
Nota-se uma dificuldade e pouca diversidade nas formas de acesso ao local, o que é um fator de extrema relevância para a atividade turística. Neste caso, as condições atuais de acesso podem ser um fator definitivo para a ida ou não do visitante ao destino.
2 – ANÁLISE DO AMBIENTE DE MARKETING
2.1 – AMBIENTE EXTERNO
2.1.1 – Ações do meio econômico
A economia do município é basicamente movida pelo turismo. O vilarejo concentra suas ações em aprimoramentos para atração de um fluxo aceitável de turistas para a região. Merece destaque as pousadas, bares e restaurantes que movimentam grande parte da demanda dos visitantes.
De acordo com informação da ALN (Associação para o Desenvolvimento Turístico de Lavras Novas) é estimada uma média de trinta mil turistas por ano, a grande maioria para pernoite, que deixam no município uma receita estimada de quatro milhões de reais, gerando emprego, renda e impostos. Em Lavras Novas há também carências sociais, como em todo o Brasil, mas não há desemprego crônico nem miséria. E tudo graças ao desenvolvimento do turismo local.
2.1.2 – Ações do meio social
O sistema de infra-estrutura básica da cidade conta com água tratada e esgoto – apesar de ainda incipientes – energia elétrica, limpeza urbana – com cestos de lixo espalhados pelos locais de maior movimento – além de telefonia fixa e móvel.
Existe um posto de saúde, onde ocorre assistência médica uma vez por semana e o posto policial que funciona somente aos finais de semana e feriado. A cidade conta ainda com mercearias, açougue, além dos diversos bares e restaurante.
Para a representação da comunidade, tentado reivindicar por atenção para o distrito, principalmente junto à sede municipal – Ouro Preto -, existe a Associação dos Moradores de Lavras Novas, que se reúne semanalmente para discutir ações e práticas para a melhoria e desenvolvimento do local.
2.1.3 – Ações do meio político
Lavras Novas é um dos treze distritos de Ouro Preto, situado a de 17 km deste. Portanto, o distrito não tem prefeitura, sendo administrada pelo prefeito de Ouro Preto, Ângelo Oswaldo de Araújo Santos e na ausência pelo vice-prefeito Renato Figueiredo. Em Ouro Preto existe um Conselho Municipal de Segurança Pública (COMSEP) que ajuda a diagnosticar os problemas de segurança e também busca auxiliar na diminuição destes. Além de um trabalho de conscientização e envolvimento da comunidade para acabar com os assaltos, tráfico e uso de drogas.
Existente no distrito a Associação para o Desenvolvimento do Turismo em Lavras Novas (ALN). Ela consta com uma Central de Informações Turísticas, com funcionamento de sexta a domingo, período em que os turistas estão presentes, além de várias propostas para eventos, cursos, festivais, dentre outros.
Além de medidas para o turismo, essa associação promove várias ações que influenciam diversos outros meios, como o econômico, social, ecológico e cultural do distrito. Dentro de algumas ações, destacam-se: atuação junto à prefeitura para melhorar as condições da cidade; realização de palestras para apresentar temas variados a todos os membros da comunidade, tais como: “Segurança e Comunidade” com o Coronel Severo e “Desenvolvimento do Turismo” com a palestrante Ana Maria Medina; e distribuição de cestos de lixo nos principais pontos de maior movimento em Lavras Novas.
Apesar da expressividade e importância dessa associação para o local, foi possível perceber certa segregação e que a mesma tem privilegiado os associados de maior influência, deixando os pequenos proprietários com menor visibilidade. Os eventos se concentram na região, chamadas por alguns moradores de “Savassi”, onde estes grandes empresários estão localizados. Essa região é composta por um empresariado que realiza maiores investimentos em estabelecimentos hoteleiros. Por vez, estes possuem melhor infra-estrutura e maior capacidade de acomodação turística. Além disso, boa parte desses empresários é de outras cidades e até mesmo de outros estados, possuindo uma maior rede de contatos e facilitando a atração de eventos como pequenos shows, encontros de jipeiros, entre outros. Um fato que também facilita a realização desses eventos é a presença mínima de residências na “Savassi”, causando menos transtornos e envolvimento com a comunidade.
Essas ações contribuem para a segregação em Lavras Novas, uma vez que os moradores e empresários menores ficam, muitas vezes, alheios aos acontecimentos em sua própria cidade. Isso foi percebido a partir da pesquisa de campo – entrevista com moradores e empresários do distrito – sendo citado várias vezes como um fator excludente e elitizante que impede o desenvolvimento da atividade turística e do próprio distrito.
2.1.4 – Ações do meio ecológico
O distrito possui grande potencial para desenvolvimento de atividades relacionadas ao ecoturismo e turismo de aventura. Com diversos rios, lagos, cachoeiras e uma paisagem marcada por montanhas em seu entorno, é propício a prática do trekking, escalada, off road, dentre outros.
É importante ressaltar que as atividades relacionadas a esses esportes de aventura causam diversos impactos ecológicos nas trilhas. Esses impactos são causados pelo peso do automóvel e pelo acúmulo de resíduos sólidos (lixos) deixados no trajeto pelos visitantes e moradores.
As vias de acesso que ligam o centro do distrito às cachoeiras e atrativos são bastante sinuosas e mal projetadas. Percebe-se nas trilhas a ausência de sinalização dos atrativos, além da falta de preocupação com a conservação das mesmas.
Devido a falta de saneamento básico no local, o esgoto de casas e pousadas escoa através de dutos, praticamente sem tratamento, até os rios. Porém, a maior parte os estabelecimentos mantém fossas sépticas, as quais também contaminam as águas do lençol freático e cursos dos rios (Espera-se a reversão desta situação até meados de novembro, quando será implantado o serviço de saneamento).
2.1.5 – Ações do meio cultural
Por já ter sido uma região de mineração de ouro e fazer parte da Estrada Real, Lavras Novas é muito importante na história de Minas Gerais e do Brasil. Esse distrito ainda guarda resquícios em sua cultura da época da mineração, tendo a maioria da sua população de ex-escravos. Apresenta uma cultura rica em estória, folclores e lendas de domínio popular, baseados em acontecimentos ocorridos entre o quilombo (negros e brancos fugidos) e as milícias no período colonial. Muitas casas ainda são da época colonial e representam um pouco o estilo de vida de Lavras Novas em tempos mineratórios.
O artesanato é um forte traço cultural de Lavras Novas, com cestas, balaios, enfeites, todos feitos em taquara. Esse trabalho já foi atividade de toda a comunidade, hoje é realizado por duas famílias. O comércio é feito em Ouro Preto, Mariana, Belo Horizonte (Tok Stok) e São Paulo, sua lucratividade poderia ser maior se houvesse uma cooperativa encarregada das vendas. Outro problema sério enfrentado pelo artesanato é a ausência do bambu em Lavras Novas. Para renovação da taquara plantada é necessário de sete a oito anos, mas há aproximadamente dez anos um fogo queimou os bambuzais próximos à localidade e não se conseguiu replanta-los, sendo necessário busca-los em locais cada vez mais distantes. Mas a comunidade não quer perder esta tradição, o artesanato em taquara é ensinado na escola e conta anualmente com uma média de vinte alunos, praticamente todas as crianças já aprenderam os primeiros passos desta arte.
É assim que a comunidade de Lavras Novas se desenvolveu, com costumes, tradições e comportamento muito próprios. As mudanças ocorrem efetivamente por volta de 1970, quando são introduzidas no distrito a luz elétrica e a televisão. O contato com Ouro Preto se torna mais intenso, os valores e os costumes vão sofrendo alterações. A partir de 1984 o turismo passou a fazer parte da vida local, incentivados pelo Senhor Oscar Rocha, antigo morador que recebia com carinho os visitantes que ali chegavam. As primeiras famílias vindas de Belo Horizonte fizeram pequenas pousadas com arquitetura bem particular, sendo a primeira a Pousada da Pedra. A população aceitou o turista porque este trás renda para o distrito. A estrutura para recebê-lo já conta com várias pousadas e restaurantes. A atividade turística se expande e hoje já representa significativa na composição da renda das famílias.
Como eventos expressivos do local, pode-se citar o Carnaval, a Semana Santa, a Festa Junina que comemora Santo Antonio, São João e São Pedro, o Festival de Inverno em Ouro Preto/Lavras Novas, a Festa do Divino, a Festa da Padroeira de Lavras Novas (Nossa Senhora dos Prazeres), o Festival de Vinhos – Safras Novas e o Révellion.
2.1.7 – Ações do meio comercial-mercadológico
Observa-se, pelas pesquisas realizadas, que as ações mercadológicas até então desempenhadas se voltam para direcionar a atividade turística para um público selecionado – ainda que isso não necessariamente ocorra na prática.
Em sites sobre o distrito, nota-se uma possível preocupação com a conservação ambiental, bem como o uso racional dos recursos que o local dispõe. As ações mercadológicas associam, ainda, Lavras Novas como um refúgio natural para descanso, aconchegante e hospitaleiro. Contudo, a partir da pesquisa de campo ações ambientais não foram observadas. A própria ONG “Lavras Vivas” que pela internet propõe várias medidas de conservação, é desconhecida de moradores, empresários e pela própria prefeitura de Ouro Preto.
Dessa forma, foi percebido por meio da pesquisa no distrito que apesar de existir a tentativa de passar uma imagem de cunho sustentável, pouco é feito nesta direção. Um exemplo bem claro é o esgoto jogado em natura em um ribeirão. O site, além de transmitir uma imagem que não corresponde à realidade, mostra-se pouco atualizado. De acordo com a senhora Nilse, proprietária do camping “Bela Vista”, o site tem fotos e informações desatualizadas de seu empreendimento.
Alguns empreendimentos investem em publicidade, como no caso da Pousada Carumbé, que utiliza outdoors e propagandas em ônibus em Belo Horizonte, mas outros simplesmente se contentam com o público já visitante da cidade. Alguns produzem cartões de visita, mas não é perceptível esforços no sentido de promoção dos mesmos. O destino Lavras Novas ainda pode ser comercializado por meio de agências e operadoras de Belo Horizonte como a Belas Geraes.
Além disso, foi desenvolvido um Plano de Marketing para a cidade de Ouro Preto, contemplando todos os seus distritos. Foi elaborado pelos parceiros ONG ADOP (Associação de Desenvolvimento de Ouro Preto), SEBRAE e Prefeitura de Ouro Preto (Secretaria de Turismo e Meio Ambiente) e, certamente, contribuirão para a divulgação e comercialização de Lavras Novas em nível nacional e internacional.
2.2 – AMBIENTE INTERNO
2.2.1 – Plano Diretor
Em Lavras Novas, é utilizado o Plano Diretor de Ouro Preto, cidade sede municipal. Nesse plano, não são estabelecidas proposições diretas a Lavras Novas, tendo apenas citações superficiais e referentes a todos os distritos do município.
São ressaltadas, principalmente, as necessidades do cuidado com o conjunto artístico, arquitetônico, urbanístico, paisagístico e ambiental, bem inalienável da população e fator determinante para o desenvolvimento urbano, para a geração de empregos e para melhor distribuição de renda.
Uma das metas do Plano Diretor é implantar Circuito de Turismo Ecológico e Cultural, abrangendo o Distrito Sede, as unidades de conservação, os distritos de São Bartolomeu, Santa Rita de Ouro Preto e Santo Antônio do Salto e os povoados de Lavras Novas e Chapada, em que estejam contemplados os aspectos de infra-estrutura de apoio, divulgação e proteção ambiental e do patrimônio cultural;
O plano diretor é uma ferramenta para a gestão do espaço local, instrumento para democratizar os equipamentos urbanos, usufruir e conservar os recursos naturais e fortalecer o potencial de renda e emprego de cada lugar. A importância da implantação do plano diretor é garantir um controle do crescimento da cidade, bem como os serviços e as atividades da população, crescimento e ocupação da área em expansão e dos sistemas da localidade, além da busca comunitária para a solução de problemas. O agrupamento das localidades em função de problemas e potencialidades comuns é orientação do Plano Diretor, e os benefícios visam o conjunto das comunidades envolvidas.
Alguns desses benefícios já podem ser observados: a Prefeitura e os pequenos empresários estão investindo nos últimos anos capital para fornecer a toda a população com os seus serviços e construindo pousadas, casas e restaurantes para recebem os visitantes. Um exemplo de serviço para a expansão do turismo é o projeto de abastecimento de água que está sendo apresentado. Na cidade de Ouro Preto como nos seus distritos, não existe sistema de cobrança da água. As perdas econômicas em uma obra de abastecimento de água são muito elevadas, seja na construção como na manutenção. A população não está conscientizada do valor que a água tem. Na atualidade, na cidade de Ouro Preto o consumo de água por habitante é elevado, é estimado o gasto per capta de 250 litros por dia. A cobrança é uma forma de harmonizar e adequar o crescimento das demandas com a oferta deste recurso para atendimento e satisfação de todas as necessidades. Desta forma um dos objetivos da cobrança pelo uso dos recursos hídricos é que este instrumento desempenhe a função de verdadeiro mecanismo auxiliar de todo um sistema de gestão eficiente deste recurso ambiental.
O processo de formação da micro-região para a viabilização do Plano Diretor foi uma conseqüência de outros processos de aglutinamento formados de maneira natural na região, pois as localidades envolvidas já fazem parte do mesmo Circuito turístico, que nada mais é que o conjunto de municípios de uma mesma região, com afinidades culturais, sociais e econômicas que se unem para organizar e desenvolver a atividade turística regional de forma sustentável, por meio da integração contínua dos municípios, consolidando uma identidade regional.
2.2.2 – Inventário
O inventário utilizado foi o de Ouro Preto, do ano de 2004. Nele, apenas nos assuntos Dados e Informações Gerais e em Atratividade encontram-se informações sobre Lavras Novas. No primeiro, na parte de Distrito e Localidades há alguns dados de Lavras Novas como: ano de fundação, distância de Ouro Preto e um breve histórico.
Posteriormente, somente em meios de hospedagem e alimentação, aparecem empreendimentos situados em Lavras Novas. Falta no inventário os atrativos naturais do distrito, além das manifestações culturais, como o dia da padroeira de Lavras Novas (Nossa Senhora dos Prazeres) que se comemora na 2ª semana de agosto.
Acredita-se que essas falhas e falta de dados, são ocasionadas pelo inventário ser de Ouro Preto e não restrito a Lavras Novas. Outro problema é a data de confecção do inventário. Em três anos muitas empresas podem ter sido fechadas ou abertas, o que causa informações equivocadas ou incompletas. Isso foi percebido por meio de pesquisa in loco, onde empreendimentos como a pousada “Quilombo” não existem mais e estavam listadas no inventário.
2.2.3 – Atrativos
A oferta do município foi identificada como rica no que diz respeito aos atrativos naturais, mostrando-se como boas alternativas para a prática do turismo de natureza e de aventura. A maior parte dos turistas tem procurado contato com a natureza agreste, pouco afetada pelo ritmo frenético das grandes cidades.
O local conta com cinco cachoeiras principais, três mirantes, uma represa, um Parque – Parque do Itacolomi – duas serras e inúmeras trilhas que serão descritas adiante.
É possível perceber ainda, a existência de belíssimas paisagens naturais, relevo montanhoso coberto de vegetação praticamente intocada. A oferta de recursos naturais é diversificada, encontrando-se cachoeiras, trilhas, mirantes, parques, entre outros.
No que diz respeito à oferta histórico-cultural, a oferta é restrita aos olhos de quem considera apenas os atrativos materiais, “palpáveis”. Em relação aos atrativos materiais, nota-se a arquitetura local, típica do período da colonização, a Igreja Nossa Senhora dos Prazeres, etc. No entanto, a cultura e o modo de vida local, bem como sua história marcada pela exploração do ouro e da escravidão, são atrativos imateriais do distrito que não têm tido o devido reconhecimento.
– RECURSOS NATURAIS
• Serras:
– Serra do Trovão
A Serra do Trovão é a principal serra de Lavras Novas, sendo um imponente maciço rochoso bem característico da Serra do Espinhaço. Ao se dirigir ao distrito, pode-se ver durante todo percurso de terra a imponência dessa serra.
O local é ideal para observar o Pôr do Sol, a Serra do Caparaó, a Serra da Chapada, a Serra do Caraça, a Serra de Ouro Branco, o Pico do Itacolomi e o Pico do Itabirito. De lá é possível ter uma vista 360º de muita beleza, ideal também para curtir o nascer da lua. O frio é muito intenso, principalmente no inverno.
– Serra da Chapada
A Serra da Chapada impressiona pela beleza e imponência. Pode ser vista da estrada de terra que dá acesso a Lavras Novas e também de alguns pontos do município.
• Mirantes
– Mirante da Pedra
Localizado ao final da Rua Nossa Senhora dos Prazeres, o Mirante da Pedra é o lugar ideal para momentos de reflexão. De lá é possível avistar os mares de morros característicos do estada de Minas Gerais, presentes também em Lavras Novas. Nos dias de lua cheia o mirante nos reserva um ‘show’ à parte. .
– Mirante da Rua da Fonte
O Mirante da Rua da Fonte está localizado ao lado da Pousada da Pedra, na Rua da Fonte. Ideal para quem quer curtir um belíssimo Pôr-do-Sol e não quer andar muito, devido à proximidade do “centro” do distrito.
– Mirante da Entrada da Cidade
O Mirante da Entrada da Cidade está localizado no platô de uma montanha, logo na entrada da cidade, do lado esquerdo de quem chega. Desse ponto pode-se observar boa parte da cidade (pousadas, casas, chalés, a igreja, o campo de futebol e um belíssimo mar de montanhas). Ideal para visualizar o pôr-do-sol, o nascer da lua e contemplar a beleza da cidade.
• Cachoeiras
– Cachoeira Três Pingos
A Cachoeira Três Pingos leva esse nome por causa da sua formação de três quedas d’água. Está localizada a 4,1 km de Lavras Novas. Pode-se ir a pé, de bicicleta, a cavalo ou de carro, reduzindo-se o percurso por meio das três primeiras opções. Sua piscina natural é rasa, ideal para crianças. Os adultos podem se refrescar nas quedas que a cachoeira proporciona. Possui também um banco de areia onde se pode deitar e contemplar a natureza. O local é cercado por mata nativa proporcionando momentos de muita tranqüilidade.
– Cachoeira do Falcão
Possui uma piscina natural rasa, mas a queda principal é mais profunda e perigosa. Possui também um banco de areia onde se pode deitar e relaxar. Acima e abaixo da cachoeira encontram-se alguns poços para nadar. O local é cercado por mata nativa, o que passa uma sensação tranqüilidade, ideal para a contemplação da natureza.
– Cachoeira do Pocinho
São dois pocinhos com cascatas, onde é possível mergulhar nas piscinas naturais e se refrescar ou mesmo sentar nas pedras para receber a hidromassagem natural. Existem também outros poços, sem queda e com água cristalina.
– Cachoeira dos Namorados
Está localizada a 5,5 km de Lavras Novas, sendo muito freqüentada por casais. Acessível por carro, ou em percurso reduzido a cavalo, bicicleta ou a pé. Sua piscina natural é de profundidade média, ideal para um belo banho. Possui embaixo da queda d’água pedras onde se pode sentar e relaxar com a deliciosa água caindo sobre a cabeça. O local é cercado por mata nativa proporcionando momentos de muita tranqüilidade.
– Cachoeira do Castelinho
Esta cachoeira é bastante visitada, apesar do acesso um pouco difícil, devido ao número de pedras e obstáculos encontrados. Todo o esforço é compensado ao chegar ao local. Para chegar até lá tem que caminhar, mas metade do percurso pode ser feita de carro. Acesso pela Vila da Chapada, a trilha começa ao lado direito da igreja, no meio do caminho há um camping e um bar, onde se deve deixar o carro. Se for a pé desde a Vila são 40 minutos de caminhada, mas apenas os últimos 200 metros são bem íngremes. Há placas indicando a cachoeira, passando a entrada do camping, seguir em frente e na bifurcação virar a direita, passar pela porteira, onde começa a descida e já é possível avistar a cachoeira e a bela piscina natural.
• Pedra do Equilíbrio
Localizada na subida da serrinha (lado esquerdo), estrada de terra que dá acesso a Lavras Novas, a Pedra Equilíbrio tem esse nome porque fica equilibrada em outra pedra e nos da a impressão de que a qualquer momento pode cair. Local ideal para fotografias. Ao fundo tem-se uma bela paisagem do Pôr-do-Sol e, ao lado direito de quem sobe a serra pode-se observar a bela Serra do Trovão.
• Parque do Itacolomi
Avistado de longe, já na estrada a caminho de Ouro Preto, o Itacolomi desperta a curiosidade de quem passa. São mais de 1700 metros de altitude, perfeitos para pessoas que apreciam a prática de caminhadas e o contato com a natureza.
• Represa do Custódio
A Represa do Custódio está localizada a 5,7 km de Lavras Novas. Na represa pode-se acampar, nadar e pescar, mas é proibida a prática de esportes náuticos a motor. Ideal para quem quer descansar e apreciar a natureza.
– RECURSOS ARTIFICIAIS E TEMÁTICOS
• Esportes de Aventura
– Rapel
Praticado na Serra do Buieié ou na cachoeira do Areião, sempre diante de um belo visual. O local possui cinco pontos de rapel e cachoeirismo que podem ser divididos entre fácil, intermediário e difícil, com alturas variando de 20 a 50 metros.
– Tirolesa
Praticada na Serra do Buieié. Consiste na travessia entre dois pontos da serra através de cabos aéreos. Sua extensão é de 100 metros e sua altura atinge até 40 metros.
– Caiaque/Duck
O Duck (canoagem em caiaques infláveis) é uma embarcação inflável de alta resistência e estabilidade, onde é possível ter um momento de contemplação da natureza com segurança, além de desenvolver o trabalho de equipe. O esporte é realizado na Represa do Custódio.
– Escalada
Praticada na Serra do Buieié ou na Serra do Salto, sempre diante de um belo visual. O local dispõe de diversas vias de escalada com variados graus de dificuldade.
– Trekking
O que não falta em Lavras Novas são trilhas para a prática do Trekking. Cada trilha te leva a um lugar diferente, com paisagens bucólicas de encher os olhos.
Travessia Lavras Santo Antonio do Salto (nível médio de dificuldade), percurso de aproximadamente 9 km, pelo topo da Serra de Lavras Novas ate chegarmos a Santo Antonio do Salto. Retorno em veiculo Off Road Land Rover.
Travessia da Passarela do Canyon do funil (nível fácil) aproximadamente, 50 minutos.
– Off road
Praticado em veículo 4×4 (Land Rover). Nesta atividade o turista tem a oportunidade de ir um pouco mais longe e desfrutar de outras belezas da região, além curtir a adrenalina do “fora de estrada”.
É possível realizar diversos circuitos no entorno de Lavras Novas que compreendem visitas a cachoeiras, outros distritos, canyons, etc. Em média, cada uma das atividades tem a duração de três horas.
O lugar oferece também roteiros noturnos, especialmente em noites de lua cheia, onde é possível ver animais de pequeno porte, tais como coelhos do mato, tatus, dentre outros.
– Cavalgada
Encontra-se a opção de conhecer o vilarejo andando a cavalo. Esta é, sem dúvida, uma excelente maneira de visualizar as belezas da região.
Serra do Trovão – A duração da cavalgada é de aproximadamente 1 hora e meia e o cenário é sem dúvida nenhuma espetacular. No alto da serra do Trovão a vista é de 360 graus, podendo-se avistar vários locais em um raio de até 300 km. (Serra do Caraça, Serra da Bocaina, Serra do Itabirito, Serra da Chapada, Serra de Ouro Branco, Serra do Capuã, Serra do Caparaó e o Parque e Pico do Itacolomi).
O local apresenta um grande potencial e inúmeras possibilidades de atividades a serem praticadas. Entretanto, nota-se uma dificuldade em encontrar informações sobre essas atividades no local ou empresas que ofereçam esses serviços. Durante a visita ao distrito, houve a tentativa de contactar a única empresa de ecoturismo e esportes de aventura em Lavras Novas a “Pedra Menina Receptivo”, no entanto, ela manteve-se fechada durante todo o trabalho de campo. Por outro lado, observa-se a cavalgada, que é ofertada em um estabelecimento de fácil acesso, com grande profissionalismo e grande demanda.
– RECURSOS PATRIMONIAIS E CULTURAIS
As festas religiosas e civis também são compartilhadas por boa parte da comunidade e visitantes. Em janeiro se realizam a Folia de Reis e a Marujada; na Semana Santa, são praticados cultos e, em maio, fazem louvores e a coroação de Nossa Senhora. Também as festas juninas são bastante animadas, sobretudo pelos bailes, mas são as festas da padroeira – Nossa Senhora dos Prazeres – comemorado em 8 de setembro e do “Divino Espírito Santo”, em agosto, o ponto alto das manifestações religiosas, atraindo vários visitantes, antes restritos aos povoados e distritos vizinhos e, hoje, um número expressivo de turistas, nem sempre sintonizados com significado sagrado que têm para a população.
No entanto, foi percebido devido a depoimentos de moradores locais, que algumas dessas festas, têm deixado de ser realizadas, tendo em vista certo “constrangimento” dos autóctones em relação à forma em que as suas tradições poderiam ser vistas pelos turistas. Um exemplo disso é a Marujada, que é um rito tradicional do distrito, no qual os participantes pintam seus rostos e realizam uma “apresentação”.
Além disso, devido à atividade turística, outras festas ou atos religiosos não mais apresentam as mesmas características tradicionais. Nesse ponto é importante levantar questionamentos sobre a possibilidade de transformação da cultura e tradições locais em produtos a serem consumidos.
O artesanato, para a pequena parte da comunidade que ainda produz estes artigos, é utilizado como forma de complementar a renda familiar. Como visto em visita ao local, muitos turistas se interessam pelo artesanato e existe a possibilidade de encomendar as peças que desejam às famílias produtoras.
2.2.4 – Infra-estrutura, equipamentos e serviços turísticos
A água consumida recebe apenas o tratamento de cloração e depois de utilizada é conduzida via esgoto urbano sem devido tratamento para os ribeirões (Borras 2005, p2). Existem fossas construídas de forma irregular e esgotos sendo lançados clandestinamente em pontos pertencentes às bacias que fornecem água para a região, água que é fundamental para o turismo do distrito, seja por causa de seu meio natural como as cachoeiras e córregos, que funcionam como principais atratividades, ou seja, por sua utilização no atendimento aos visitantes. Aparentemente, a captação de água é insuficiente ao atendimento da população atual, sendo que, muitas pousadas e casas não têm acesso às canalizações de água, uma questão que se agrava com o surgimento da demanda turística da região.
O distrito possui diversas cestas de lixos caracterizadas com intuito de manter o padrão estético em sintonia com a arquitetura local. Os serviços de limpeza pública são realizados pela prefeitura duas vezes por semana. A infra-estrutura básica do distrito conta com um posto de saúde que tem assistência médica apenas uma vez por semana e o policiamento é exercido somente aos finais de semana. O distrito possui telefonia fixa, móvel e sinalização turística básica.
Ainda em relação à infra-estrutura local, é possível perceber que não existem alguns serviços básicos como posto de gasolina, oficina mecânica, banco ou caixa eletrônico. Alerta-se também para o fato da existência de somente uma linha de transporte de ida e volta à sede Ouro Preto em poucos horários, por sua vez, a falta desses serviços básicos é justificável quando se avalia o tamanho do povoado, mas são fatores importantes que acabam limitando e selecionando o tipo de visitante que pretende conhecer o lugar.
Nos últimos dez anos Lavras Novas vêm recebendo várias instalações turísticas para atender seu público visitante. O distrito possui um Centro de Informações Turísticas, que pertence a Associação para o Desenvolvimento Turístico de Lavras Novas (ALN). Esta associação é composta por pessoas detentoras dos equipamentos turísticos do local, como pousadas, casas, restaurantes e etc. Neste local ainda se pode conseguir informações sobre os atrativos da região, ao mesmo tempo, receber informações sobre os equipamentos turísticos que fazem parte da ALN, no qual, não se menciona os não incluídos nesta associação. É possível ainda obter serviços de guia até as cachoeiras da região, serviço esse muito importante, já que, a sinalizações que levam aos atrativos são precárias ou inexistentes. Há além desses serviços turísticos no distrito, serviços de passeio a cavalo pela região.
O vilarejo conta com aproximadamente 35 pousadas e 91 casas para aluguel, além de áreas de camping, segundo informações de Borras (2005, p.6). O número de hospedagens segundo os moradores há dez anos era de aproximadamente 10 pousadas, atualmente, esse número mais que triplicou apresentando assim a velocidade de transformação ocorrida no distrito.
Existe também um bom número de restaurantes, bares e lanchonetes, além de serem encontradas padarias, açougues e mercearias. São encontradas também lojas que vendem o artesanato produzido na região como os cestos, balaios e esteiras de taquara de bambu.
No vilarejo, às vezes, ocorrem atividades artístico-culturais como peças teatrais e shows musicais, em suas casas noturnas ou no anfiteatro de propriedade particular. Quanto à prestação dos serviços turísticos, esses são feitos de forma pouco qualificada, pois não existem profissionais especializados. Não que a prestação de serviços seja ruim, mas é feita de forma informal, onde cada visitante recebe o tratamento típico das pequenas localidades.
Tanto a expansão da malha urbana – com abertura de/ou prolongamento das vias – quanto a ocupação de lotes vagos e adensamento dos já ocupados têm crescido consideravelmente no distrito. Observa-se um grande número de construções recentes no povoado, sobretudo nas ruas transversais a rua principal, algumas ainda inacabadas.
É comum ver os moradores alugarem suas próprias casas ou cômodos construídos no mesmo lote para os visitantes. Nota-se, pela variação no preço desses aluguéis de fim de semana e também das pensões e pousadas, que o número de turistas tem aumentado a cada ano, gerando uma demanda bem maior que a oferta. As pensões de Lavras Novas geralmente são bastante simples, oferecendo quartos com banheiro coletivo e café da manhã, mas existem hospedarias mais caras e sofisticadas. Alguns visitantes utilizam os meios de hospedagem de Ouro Preto.
2.2.5 – Limitações e impactos
O fato de Lavras Novas ainda ser um distrito de Ouro Preto é um problema para a cidade, que não tem força política expressiva. Os acessos são em estradas de terra e para quem vai de ônibus é preciso parar primeiro em Ouro Preto e depois pegar outro ônibus com destino a Lavras Novas.
Na cidade não existem postos de gasolina, oficina mecânica, banco, caixa eletrônico nem hospitais. Isso dificulta gravemente o desenvolvimento do distrito. Para quem está em Lavras Novas e precisa de alguns desses serviços, necessita percorrer 17 km de carro ou ônibus até Ouro Preto para que algumas necessidades sejam supridas.
Em Lavras Novas, o turismo se concentra nos finais de semana e feriados, deixando ociosos os estabelecimentos durante a semana. Nas festas como reveillon e carnaval, principalmente, acontece superlotação destes estabelecimentos e é grande o impacto na cidade que não suporta tantos visitantes, chegando a faltar água. Além disso, o perfil do turista nem sempre é o desejado pela população, por ser um destino em destaque atualmente, tem atraído jovens que objetivam apenas diversão e “farra”.
A categoria social dominante se tornou aquela detentora dos equipamentos turísticos e, com seu poder de influência, acaba impondo à sociedade local seus ideais. Essa categoria passou a ter influência na região, seja política, econômica, cultural e social, tendo condições de requisitar melhorias ao distrito junto ao poder público local, influenciando assim, em parte, no desenvolvimento turístico da região. Um exemplo dessa influência é a Associação para o Desenvolvimento do Turismo em Lavras Novas que gerencia o centro de informações turísticas, que deveria ser mantido pelo Estado ou pela própria população. Com isso, seria possível incluir as informações sobre todos os equipamentos turísticos neste centro de informações. Mas isso não ocorre, pois o centro é sustentado pelos detentores destes equipamentos turísticos na região e trabalha única e exclusivamente para atender aos objetivos do mesmo.
A especulação imobiliária é evidenciada com a chegada do turismo na região. As terras e casas passam a ser valorizadas economicamente, fazendo com que indivíduos da comunidade vendam sua casa ou terrenos a pessoas de fora do distrito, indo morar em zonas menos valorizadas e incompatíveis com infra-estrutura básica da região anterior, gerando crescimento desordenado, ou não planejado.
Tem acontecido ainda, o crescimento dos impactos ao patrimônio ambiental. As erosões causadas nas trilhas por motoqueiros e as sujeiras deixadas nas trilhas e cachoeiras. Todavia, o maior malefício provocado ao meio ambiente é provocado pelo escoamento do esgoto tanto de pousadas como de casas que seguem sem tratamento até os rios e fossas malfeitas que acabam vazando e contaminando as águas do lençol freático e curso dos rios.
Ao patrimônio sociocultural os impactos maléficos são observados no choque cultural entre população nativa e os turistas. Este choque promove a perda da identidade cultural da população, ou seja, a comunidade deixa de praticar antigas tradições como no caso das “lenheiras”. O vandalismo, a destruição do patrimônio histórico e descaracterização do patrimônio arquitetônico também são impactos maléficos produzidos pelo desenvolvimento do turismo no distrito.
2.2.6 – Estágio do ciclo de vida do produto
A fim de analisar o ciclo de vida turística para o produto – Lavras Novas, foi utilizado o modelo “Fases do Ciclo de Vida do Produto Turístico”, proposto por Cooper, 1994; Van der Borg et al., 1995; Wall e Heath, 1992; Walle, 1998:160-163.
Pode-se perceber que o Turismo no pequeno distrito apresenta características das fases de Exploração, Envolvimento, Desenvolvimento e Consolidação.
O Turismo começou a fazer parte da vida local a partir do ano de 1984, incentivado pelo Senhor Oscar Rocha, antigo morador que recebia com carinho os visitantes que ali chegavam. Nessa fase, que apresenta mais características da “exploração”, havia um número reduzido de turistas, os quais procuravam o destino pela beleza da região. A cidade não possuía acessos fáceis, além de ser, na época, pouco conhecida.
As primeiras famílias vindas de Belo Horizonte criaram as pequenas pousadas com arquitetura bem particular. A população apresentou-se bem receptiva com o turista porque este trazia renda para o distrito. A estrutura para recebê-lo já passou a contar com várias pousadas e restaurantes. E o número de turistas já é, nessa fase (que possui características principalmente da fase de “envolvimento”), bem significativo.
A atividade turística se expande e hoje é expressiva para a composição da renda das famílias. Porém, a alta demanda agrava alguns problemas infra-estruturais e contribui com a degradação do meio-ambiente. A comunidade da região começa a perder traços culturais devido às influências de turistas. Aos poucos, o Produto turístico Lavras Novas começa a se saturar, exibindo características das fases de Desenvolvimento e Consolidação.
É necessário uma ação conjunta entre planejadores e uma boa gestão, a fim de criar infra-estrutura satisfatória à cidade e impedir que o destino entre em estagnação e declínio.
2.3 – OFERTA DE PRODUTOS
Em Lavras Novas é oferecido, principalmente, a oportunidade de descanso: lugar calmo, com diversas belezas naturais e um clima de baixas temperaturas que favorece um passeio acompanhado. É possível perceber que em alguns casos os visitantes pouco saem das pousadas, já que essas oferecem diversos serviços e possibilidades de entretenimento – são equipadas com piscinas, saunas, salas de jogos, restaurantes, capelas para oração, dentre outros.
O produto apresenta preços variados possibilitando o acesso a diferentes públicos. No caso das hospedagens, são oferecidos áreas de camping, casas de aluguel e pousadas com quartos que chegam a ter diárias superiores a R$500,00.
O ecoturismo se apresenta como segmento promissor, considerando as matas, trilhas, serras e diversas cachoeiras que se encontram no local.
2.4 – PÓLOS EMISSORES
Pôde ser observado, através da pesquisa in loco, que os principais pólos emissores de turistas para a cidade de Lavras Novas são Belo Horizonte – MG, bem como algumas cidades do entorno, principalmente Conselheiro Lafaiete e Itabirito. Ouro Preto, por sua proximidade, influencia bastante a demanda turística, visto reconhecimento mundial. Nota-se também a presença, em menor escala, de turistas de outras localidades como do estado de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília.
De acordo com um levantamento realizado por uma aluna da Faculdade de Turismo da Newton Paiva, foi possível perceber os seguintes dados em relação à demanda turística do município:
2.5 – PERFIL DA DEMANDA
Existem diversos tipos de visitantes em Lavras Novas: aqueles que vão à cidade para conhecer e retornam no mesmo dia; outros que lá permanecem por períodos maiores, hospedados em pensões, pousadas ou em casas alugadas, passando tempo explorando a região e, ainda aqueles que alugam alguma residência e lá se hospedam para realizar churrascos e festas, que duram todo dia e noite. Este último parece incomodar e preocupar não só os moradores locais como os demais visitantes, principalmente aqueles que já freqüentam Lavras Novas há muito tempo e vêem nesse tipo de comportamento uma ameaça à paz antes proporcionada pelo povoado.
Por outro lado há aqueles visitantes mais fiéis, que estabelecem uma relação estreita com a comunidade local, conhecendo muitos moradores da região e retornando sempre, ao contrário dos usuários de fim de semana.
Para a delimitação do perfil da demanda, serão utilizados a seguir, gráficos baseados em informações coletadas pelo levantamento de uma aluna do curso de Turismo da Newton Paiva, em pesquisa no local.
Ao se fazer a análise do perfil da demanda, é possível perceber que o principal público de Lavras Novas é de origem de Belo Horizonte (ver pólos emissores), que vão ao distrito com a finalidade de ter lazer e descanso, sendo que a maior parte permanece pouco tempo na cidade, apenas dois dias (geralmente aos fins de semana). Além disso, o turista que vai a Lavras Novas é em sua maioria jovem, de 17 a 35 anos, solteiros e, sua maior parte tem um nível de escolaridade elevado. A ocupação predominante dos turistas é a de estudante, possuem rendas variáveis, utilizam principalmente pousadas e casa de alugue como forma de hospedagem, tendo um bom grau de retorno ao destino. É possível perceber que a tomada de conhecimento sobre o destino foi, na sua quase totalidade, por meio de indicações de amigos ou familiares, o que mostra a importância da propaganda boca-a-boca para o destino.
2.6 – CONCORRÊNCIA
Uma das principais concorrências a Lavras Novas é a cidade de Ouro Branco. Esta, além de ser cidade histórica que foi caracterizada pela descoberta de ouro reluzente, feita no final do século XII, por Miguel Garcia de Almeida Cunha e seu irmão Manuel Garcia – ambos ex-integrantes da bandeira chefiada por Borba Gato – também possui um grande potencial voltado para o turismo de natureza e para aqueles que buscam um lugar para descanso e contemplação paisagística, segundo o site oficial da cidade (www.ourobranco.mg.gov.br).
A Serra de Ouro Branco é o principal atrativo natural procurado pelos turistas. Nela está parte do “Caminho Novo” da Estrada Real e ainda, exuberantes cachoeiras e mirantes paisagísticos. As atividades mais praticadas na região são: o trekking, montainbike, escalada e o rapel. Por vez, presencia-se uma concorrência do mesmo nicho que Lavras Novas.
Ouro Branco ainda fica em vantagem em relação ao distrito ouro-pretano por apresentar uma melhor infra-estrutura e equipamentos e serviços, como agências receptivas, bancos e uma rede de acesso mais desenvolvida, sendo possível se chegar por Ouro Preto ou por Lafaiete. Foi instituída como município desde 12 de dezembro de 1953. Logo, possui maior mobilidade nas tomadas de decisões que influenciam no ramo turístico.
De mesma formação geológica que Lavras Novas, Ouro Branco possui rochas metamórficas (quartzito, filito e dolomitos) que propiciam um relevo de maiores altitudes e um litossolo propício ao desenvolvimento de orquídeas, algumas delas endêmicas, como a Sophronitis brevipendiculata, que atraem um grande fluxo do segmento ecoturístico.
Outro quesito de grande relevância é que o turismo de natureza praticado em Ouro Branco é mais seletivo no tocante ao tipo de turista. Enquanto Lavras Novas ainda recebe uma grande carga de visitantes que buscam descanso, e alguns o agito, em Ouro Branco, vê-se um turista que busca a contemplação, prática de esportes e valores histórico-culturais.
Mariana é outro concorrente direto, apresenta características naturais semelhantes a Lavras Novas, mas da mesma forma que Ouro Branco, possui melhor infra-estrutura e equipamentos e serviços. Desta forma, atrai um maior fluxo turístico daqueles que vão para Ouro Preto e pretendem conhecer o entorno.
De acordo com a prefeitura de Mariana, a cidade faz um trabalho direcionado à sustentabilidade econômica por meio da inserção dos autóctones no projeto de credenciamento de guias e monitores pelo Ministério do Turismo ou pelo município. Há uma propaganda local que direciona o turista a exigir a identificação de tais profissionais.
Pode-se perceber que tais atitudes são traços de amadurecimento no tocante ao turismo. Logo, o município possui maior capacidade de captação de visitantes, tanto que buscam cultura, natureza e descanso.
Mesmo que o principal turista que vai a Lavras Novas busca o descanso, o distrito possui um grande potencial para o ecoturismo. Por vez, os distritos acima possuem características naturais bem próximas daquelas da região e de seu entorno.
Pode-se perceber ainda, a concorrência gerada por cidades que apresentam um clima de baixas temperaturas e paisagens que retratam ambientes bucólicos, propícios ao descanso e momentos a dois. Catas Altas e Itabirito, especialmente pela proximidade ao principal pólo emissor do destino (Belo Horizonte), são algumas das cidades concorrentes. O turista que sai da capital em busca de descanso nos fins de semana, na maioria das vezes, é influenciado pela proximidade e pela oferta de ambientes diversificados que a ele estará ofertado. Logo, ao turista, não bastam lugares confortáveis, mas, também, que tenham uma experiência agregadora de valores.
2.7 – ANÁLISE SWOT
A análise SWOT do destino foi realizada por meio de pesquisa de gabinete e, principalmente, por meio da visita ao campo, o que proporcionou um olhar mais crítico e abrangente em relação às condições do ambiente externo e interno inerentes ao distrito.
2.7.1 – Pontos fortes
• Início da implantação da rede de tratamento de água e esgoto no distrito ao final de 2007;
São previstos para o fim deste ano, a melhoria da infra-estrutura básica local, com a implementação da rede de tratamento de água e esgoto.
• Ausência de desemprego;
É nítida a inexistência de desemprego no distrito, devido ao envolvimento, direto ou indireto, dos autóctones com a atividade turística. Como conseqüência, percebe-se a melhoria da qualidade de vida da população.
• Receptividade dos autóctones em relação aos turistas;
A comunidade de Lavras Novas é hospitaleira, simpática e disposta a atender bem ao visitante. Essa hospitalidade, que atrai um grande número de turistas, é vista por empresários como uma oportunidade mercadológica.
• Sinalização eficaz dentro do distrito;
A sinalização dentro do distrito é satisfatória. É possível encontrar placas indicativas para equipamentos turísticos em áreas estratégicas da cidade. É interessante ressaltar, que a maior parte destas placas foram afixadas pelos próprios empresários de Lavras Novas.
• Limpeza das ruas e diversas áreas;
Lavras Novas pode ser considerada limpa e bem cuidada. Existem diversas lixeiras posicionadas em pontos estratégicos da rua Principal (e ruas transversais) a fim de evitar que os indivíduos sujem a região.
• Implantação de um posto de saúde na região;
A construção de um posto de saúde no distrito colaborou para a melhoria da qualidade de vida da comunidade. Anteriormente, estes indivíduos precisavam se deslocar para a sede para conseguir medicamentos e tratamento médico básico.
• Diversidade de atrativos turísticos;
Possui uma grande diversidade de atrativos turísticos. É reconhecida por suas cachoeiras e belas paisagens, além de contar com diversos bares e restaurantes. Apresenta potencial para desenvolver o turismo histórico e de aventuras.
2.7.2 – Oportunidades
Pode-se dizer que o ambiente externo é favorável ao desenvolvimento do turismo no distrito, sendo possível perceber diversas oportunidades.
• Experiência do atual prefeito de Ouro Preto em relação ao turismo;
O atual prefeito de Ouro Preto já foi secretário de turismo da cidade e apresenta grande interesse em investir na melhoria e profissionalização da atividade, o que pode render bons frutos para o distrito de Lavras Novas.
• Desenvolvimento de um Plano de Marketing pelos parceiros ONG ADOP, SEBRAE e Prefeitura de Ouro Preto (Secretaria de Turismo e Meio Ambiente);
Um exemplo dessa preocupação com o turismo é a recente formulação de um Plano de Marketing para Ouro Preto, que inclui todos os seus distritos, e tem lançamento previsto até novembro.
Esse Plano de Marketing, elaborado pelo Sebrae, em conjunto com a ONG ADOP e a própria Prefeitura de Ouro Preto, é baseado em nove ações principais. Essas ações são divididas entre ações externas e internas e envolvem uma série de medidas para desenvolver e profissionalizar o trade turístico. Dentre essas medidas, deve-se citar um ciclo de palestras para os próprios ouropretanos; a implantação de cursos de inglês e francês (também em Lavras Novas) para capacitação de guias e população; a tentativa de captação de eventos para a cidade e região por meio da participação em feiras e eventos nacionais e internacionais. Ainda foi citado como medida a implementação de um selo de qualidade para o trade, e um sistema tarifário de compromisso, no qual o empresariado manterá a oferta feita nos meios publicitários, evitando a ameaça da propaganda enganosa.
Segundo Thiago Godoy, representante da ADOP, os produtos desse Plano de Marketing serão divulgados em “campanha maciça” em níveis estadual, municipal e internacional, a fim de colocar a região em evidência e atrair turistas de diversas partes do mundo, um fator positivo para o distrito que conta com apenas 2% de turistas internacionais. (vide gráfico pág 27).
• Comercialização do destino Lavras Novas através de agências e operadoras de outras cidades;
Outro aspecto positivo do ambiente externo a Lavras Novas, é a comercialização de pacotes turísticos para o destino, por agências e operadoras de outras cidades. Foi possível encontrar na cidade de Belo Horizonte agências como Bela Geraes que trabalham enviando turistas para o distrito.
2.7.3 – Pontos fracos
• Sazonalidade turística do distrito;
Percebem-se falhas em várias questões determinantes do desenvolvimento da atividade turística. Um exemplo é a forte presença da sazonalidade da atividade, caracterizada pelo excesso de visitantes em alguns períodos pré-definidos, como carnaval e Ano Novo. Já, em finais de semana normais, o distrito consegue absorver a demanda turística. Em dias comerciais, nota-se um esvaziamento. Em conseqüência, a população dedica-se a atividades secundárias.
• Lixo produzido por visitantes e deixado nos atrativos naturais e nas ruas;
Lavras Novas recebe segmentos diversificados de públicos. Apesar da maioria dos visitantes buscarem o descanso, existem aqueles que preferem o agito e, muitas vezes, se portam como “farofeiros” e poluem os atrativos naturais, ruas e praças.
• Falta de articulação de Lavras Novas com os municípios vizinhos;
Merece atenção à falta de articulação de Lavras Novas com as cidades vizinhas e até mesmo com sua sede, Ouro Preto, o que limita a oferta devido à restrição da divulgação.
• Não há um canal de comunicação efetiva entre os empresários do trade turístico;
A quase inexistente falta de comunicação dos empresários do trade turístico não permite tomada de decisões que efetive a ascensão do turismo no distrito. Raramente fazem algum tipo de parceria ou agem de forma cooperativa.
• Elevados preços de hospedagem;
Com o advento da atividade turística, segundo a população, houve o aumento da criminalidade e do uso de drogas. A atividade turística contribuiu também para a especulação imobiliária e o aumento expressivo do preço dos terrenos na localidade.
• Escoamento de divisas para fora do município;
As pousadas, com o intuito de compensar as datas ociosas, elevam o preço excessivamente. Desta maneira, os turistas ficam menos tempo no destino e gastam menos com os outros equipamentos do distrito.
A atividade turística, apesar de ser grande geradora de empregos para a população de Lavras Novas, tem boa parte do dinheiro escoando para cidades vizinhas como Ouro Preto, Ouro Branco e Belo Horizonte. Tendo em vista que, a maioria dos empresários é de fora. O escoamento ainda ocorre pela compra de gêneros para abastecimento de pousadas e restaurante pelos fornecedores de cidades maiores que propiciam melhor preço e prazo de pagamento que os comerciantes locais.
• Falta de pesquisas científicas que efetivasse o turismo na localidade;
Para a melhor estruturação da região faltam pesquisas científicas voltadas para a inserção de valores ao produto turístico, de forma a tratar a atividade como um segmento econômico que necessita gestão.
2.7.4 – Ameaças
• Falta de sinalização da saída de Ouro Preto para Lavras Novas;
Existe uma precária sinalização no sentido Belo Horizonte – Ouro Preto que indique o distrito, e é inexistente no sentido Ouro Preto – Lavras Novas, o que dificulta ainda mais o acesso ao distrito.
• Inexistência de sinalização que indique a direção dos atrativos do distrito;
A falta de sinalização indicando os atrativos é preocupante, pois os turistas, muitas vezes, ficam perdidos nas trilhas ou não encontram o atrativo.
• Agências de receptivo de Ouro Preto não operam ou são inexpressivas em Lavras Novas;
As agências de viagem de Ouro Preto não operam o destino Lavras Novas. Segundo seus dirigentes, os turistas que vão a Ouro Preto buscam apenas elementos culturais, não mostrando tendências ao turismo de natureza.
• Guias de Ouro Preto não divulgam e ainda criticam de Lavras Novas;
Outro agravante é que os guias de Ouro Preto não vêem Lavras Novas como um destino consolidado para o turismo, logo não gera renda. Além de não trabalhar o destino, não indicam os atrativos de Lavras Novas, alegando que o local possui alta criminalidade e não vale a pena conhecê-lo.
3- O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DAS ESTRATÉGIAS
3.1 – VISÃO ESTRATÉGICA
Trabalhar a oferta turística agregando valor aos atrativos naturais, histórico-culturais de forma sustentável, com a proposta de dinamizar o fluxo de visitantes e, dessa forma, reduzir a sazonalidade no distrito. Incentivar a cooperação da comunidade, trade turístico e órgãos da cidade sede municipal – Ouro Preto.
3.2 – OBJETIVOS
• Redução da sazonalidade;
• Melhorar a sinalização;
• Sanar os problemas em relação à água e esgoto;
• Aumentar policiamento;
• Promover eventos;
• Promover parcerias com empreendimentos turísticos de outras localidades;
• Promover o destino de modo a aumentar o fluxo turístico;
• Promover parcerias com entidades de Ouro Preto;
3.3 – ESTRATÉGIAS PARA OBTENÇÃO DOS OBJETIVOS PROPOSTOS
- A fim de aumentar/melhorar a visibilidade do trecho Ouro Preto – Lavras Novas propõe-se a inserção de placas da saída da sede até o trevo que dá acesso ao distrito
*Preço e tempo de execução a cargo da Prefeitura - Melhorar a sinalização aos atrativos turísticos, por meio de placas e mapas que pontuem a localização correta de cada um.
*Requerimento por parte de toda a comunidade de Lavras Novas – empresários do “trade turístico”, associação dos moradores, entre outros – para com a prefeitura.
*Preço e tempo de execução a cargo da prefeitura. - Para garantir uma melhor qualidade de vida para a população e consequentemente para os turistas é necessária a instalação de um sistema de reserva e tratamento de água e esgoto.
*Requerimento para essa obra: Associação de Moradores em conjunto com empresários da região devem cobrar da prefeitura este tipo de infra-estrutura.
*Preço: Cargo da Prefeitura
*Tempo: Realização em curto prazo - Para a melhoria da segurança pública, é importante que se efetive o posto policial da cidade.
*Requerimento por parte da Associação de Moradores para com a prefeitura e o estado.
*Preço: a cargo da Prefeitura/Estado
*Tempo: Realização em curto prazo - A fim de reduzir a sazonalidade de turistas na região e manter uma taxa de ocupação constante em pousadas e hotéis, é interessante que estes estabelecimentos promovam eventos culturais – rodas de viola, peças de teatro e encontros de forró – em datas alternativas àquelas consolidadas em relação ao turismo.
* Promoção desses eventos destinados aos empresários do “trade turístico”
* Preço: de acordo com os empreendimentos
* Prazo: curto e médio - Parcerias entre empresários do “trade turístico” de Lavras Novas com empresários de outras localidades, com o intuito de um empreendimento promover o outro. Essas parcerias são de extrema importância para que o turismo no distrito seja menos sazonal.
*Busca por essas parcerias a cargo dos empresários do “trade turístico”
*Preço: Baixo
*Prazo: Médio - Estabelecer eventos durante a semana que propiciem uma maior demanda turística para a região. Além disso, captar os visitantes que vão à Ouro Preto durante todos os dias da semana, por meio de propagandas, panfletos e banners que seriam distribuídos em Ouro Preto.
*Proposição dos estabelecimentos ligados ao turismo juntamente com a prefeitura.
*Preço: Médio
*Prazo: Curto - Estabelecer um canal direto de comunicação entre o distrito e as cidades, principalmente Ouro Preto, de forma a pontuar medidas e ações a serem adotadas pelas entidades que propiciem desenvolvimento para ambas as regiões. Além de incentivar pesquisas que visem o estudo do turismo em Lavras Novas.
*Requerimento por parte da Associação dos Moradores
*Preço: Baixo
*Prazo: Curto - Estabelecer parcerias entre a Associação de Guias e as agências de Ouro Preto com o “trade turístico” de Lavras Novas com o intuito de criar valores ao destino, propiciando sua maior divulgação ao turista de Ouro Preto.
*Proposição por parte do “trade turístico” de Lavras Novas
*Preço: Baixo
*Prazo: Curto
3.4 – ESTRATÉGIAS PARA DETERMINAÇÃO DO POSICIONAMENTO PRETENDIDO PARA O DESTINO
Considerando a visão estratégica adotada, nota-se a necessidade de promover um maior desenvolvimento local, e a agregação de valor aos atrativos naturais, culturais (materiais ou não) já existentes para uma atuação mais direcionada aos interesses e potencialidades locais.
O posicionamento a ser adotado pelo destino deve ser baseado não só no que já vem sido fortemente trabalhado pelo local, como o turismo de descanso e natureza, mas também aquilo que apresenta grande potencialidade e vem sido negligenciado, como o turismo histórico-cultural.
Uma forma de reforçar o posicionamento já adotado e diversificar as possibilidades do destino é a identificação e qualificação dos atrativos existentes, a fim de que estes possam ser explorados pela atividade turística. Tem-se a intenção, também, de criar uma grade de produtos que atendam a uma demanda diversificada e com interesses variados.
3.5 – ESTATÉGIA PARA OS 4 P´s
3.5.1 – Promoção
Lavras Novas é um destino turístico bastante diversificado, atraindo pessoas que buscam descanso até aquelas que buscam esportes radicais. Para promover esse destino podem ser feitos diferentes tipos de enfoques. Panfletos que mostrem uma cidade tranqüila e pacata, ideal para quem deseja descansar, ter contato com a natureza e desfrutar de uma comida caseira ou até mesmo sofisticadas comidas internacionais.
Outro tipo de panfleto que é bastante chamativo são aqueles contendo as cachoeiras, caminhadas ecológicas, rapel, escaladas, entre outros. O público que se interessaria por esse tipo de turismo é bastante alto, como em sua maioria são pessoas que não gastam muito nessas viagens, poderiam facilmente se instalar nas casas de aluguel e freqüentar os restaurantes mais simples, ou até mesmo fazer a própria comida.
A promoção de Lavras Novas por meio de encontros de aventureiros, gastronômicos, entre outros, ajuda o distrito a ter um maior reconhecimento dos potenciais clientes. Já existe o encontro dos jipeiros, porém ainda pode ser feito muito mais.
O distrito ainda carece de informações na internet, o site oficial da cidade é extremamente desatualizado e de razoável utilidade. Um site atualizado quinzenalmente, com descrição dos eventos futuros, locais onde hospedar contendo fotos e para se alimentar também. Colocar elementos de Lavras Novas em grandes jornais de Belo Horizonte, Ouro Preto, Minas Gerais e São Paulo.
Com a união de todos os empresários que trabalham com o turismo Lavras Novas poderia participar de várias feiras e congressos com stands promovendo-a como destino turístico.
3.5.2 – Preço
Em Lavras Novas existem áreas de camping, quartos para alugar, casas de aluguél, pousadas simples e pousadas de luxo. Dentro dessas diferentes formas de hospedagem, há uma enorme diferença de preços que buscam atender uma grande diversidade de clientes. Cada empreendimento busca relacionar o preço com o público alvo.
Uma área de camping pode ter uma diária de R$ 7,00 por pessoa, enquanto uma casa equipada pode-se encontrar por R$80,00 o final de semana. Algumas pousadas chegam a oferecer suites para duas pessoas por R$500,00 a diária.
É plausível que as pousadas praticassem preços mais acessíveis, sendo que dessa forma, contribuiriam para uma maior permanência do turista no distrito. Com isso, os visitantes despenderiam de mais tempo e verba para aplicar em outros empreendimentos da cidade, agindo assim, dentro dos parâmetros de sustentabilidade econômica.
Os locais de restauração também seguem essa variedade, vão desde self-service por R$7,00 até pratos individuais acima de R$30,00. Os preços variam de acordo com a demanda turística. Até mesmo na vida noturna encontramos diversos preços, existem bares que cobram couvert e outros mais simples, oferecem um serviço rústico, porém de qualidade.
Os preços praticados pelos bares e restaurantes em Lavras Novas condizem com a realidade do mercado em geral, uma vez que, equiparam-se aos praticados, de acordo com a mesma categoria, em cidades com maior oferta.
3.5.3 – Produto:
Lavras Novas é reconhecida pelo turismo de lazer / descanso. A maior parte dos turistas que vão para o distrito busca relaxamento e contato com a natureza.
É considerado um distrito tranqüilo e limpo, e possui uma grande diversidade de cachoeiras. Devido às condições físicas, é propício para prática de cavalgadas e ecoturismo.
Por ser uma vila de quilombolas, apresenta potencial para desenvolvimento do turismo histórico. Sua população é descendente de escravos e possui vários “causos para contar”. A primeira fonte de renda, atualmente, é o turismo, sendo que algumas famílias ainda trabalham com o artesanato em bambu e bananeira.
É importante ressaltar a presença de festas tradicionais, como a Marujada e Festa de Nossa Senhora dos Prazeres.
Com casas simples e bem coloridas, Lavras Novas possui também diversos barzinhos. O gramado que percorre as laterais da via principal é bem cuidado e conta com diversas lixeiras feitas de modo artesanal.
O distrito possui duas empresas de receptivo e um posto de informações turísticas. Porém, esse posto permanece fechado durante a semana e é aberto somente em finais de semana.
Apesar de seu potencial turístico, o distrito ainda é pouco explorado. A principal cachoeira para prática de esportes radicais foi interditada, pela ocorrência de muitos acidentes. Faltam guias capacitados na região.
3.5.4 – Praça
Lavras Novas possui uma localização privilegiada dentro do Estado de Minas Gerais. Fica próxima à cidade de Ouro Preto e de diversas outras cidades históricas.
O distrito tem o município e as cidades de Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete como principais pólos emissores de turistas. O “produto” Lavras Novas é comercializado em agências de viagem e operadoras de turismo da capital.
Apesar da pequena distância em relação à Ouro Preto falta um olhar do município para o distrito por parte das agências. Das três empresas de emissivo e receptivo existentes em Ouro Preto, nenhuma delas trabalha / comercializa diretamente Lavras Novas.
Com o Plano de Marketing desenvolvido pela ADOP, SEBRAE E Secretaria de Turismo de Ouro Preto, e de palestras a serem realizadas pelo conjunto, espera-se uma maior evidenciação do distrito, em nível nacional e internacional.
É imprescindível a formatação do “produto Lavras Novas” e sua divulgação e comercialização em agências de outras localidades do Estado e país.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Lavras Novas. Disponível em:<www.lavrasnovas.com.br>, Último acesso em 01/11/2007
Lavras Novas. Disponível em:<www.lavrasnovas.org.br>, Último acesso em 01/11/2007
Descubra Minas. Disponível em:<www.descubraminas.com.br>, Último acesso em 29/08/2007
Ouro Preto. Disponível em:<www.ouropreto.org.br>, Último acesso em 30/10/2007
Ouro Preto. Disponível em:<www.ouropreto.com.br>, Último acesso em 30/10/2007
Ouro Branco. Disponível em:<www.ourobranco.mg.gov.br>, Último acesso em 31/10/2007
Mariana. Disponível em:<www.mariana.mg.gov.br>, Último acesso em 31/10/2007
Ciclo de Vida do Produto. Disponível em: <www.estig.ipbeja.pt/~aibpr/Ensino/ProdTur/Material%20de%20Apoio/CiclodeVidadosProdutos.pdf>, Último acesso em 30/08/2007
CENTRO UNIVERSITÁRIO NEWTON PAIVA. Inventário da oferta turística do Município de Ouro Preto. Ceditur, 2004.
[1995] ESTRADA REAL E SEU CIRCUITO DO OURO: TRECHO OURO BRANCO A OURO PRETO. RAISSA DE CASTRO ALVES. 1. ; NAYARA MORAIS BERNARDES
Não se esqueça de dar crédito aos autores!
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Adorei este seu artigo muito bom, pois voce abordou detalhes que eu nao sabia da minha cidade, eu sou de Ouro Branco.